terça-feira, 8 de dezembro de 2015

É porque é

É o que nos fez chegar
da Pré História
até o agora.

É o que agita os oceanos,
cria nossos pesadelos
e promove a arte.

É o que alimentou a chama
do chá que eu preparei
e levei na tua cama.

É o que uni os átomos
e depois separa
só pra mostrar quem manda na parada.

É o que transformou água em vinho,
abriu mares e encheu os nossos peitos,
mas agora é o que te deixa assim,
há dias sem levantar do leito.

É o que te trouxe até aqui.
É o que um dia te levará.
É uma loucura, um paradoxo, uma incógnita,
não sei.

Só sei que é o que mantêm
esse vai e vem
entre eu e você.

(Marcus P. M. Matias)

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Tiquinho de Fubá



Tico Tico bicho arisco
Já nasceu engaiolado
Preso à casa de arame
Via o mundo de um quadrado.

Mas de bicada em bicada
Furou uma janela
Que seu dono nem desconfiara
E vôou.

Hoje vive que nem gato
Sem dono, nem quer papo
Se o almoço é aqui
A janta é na casa ao lado.

Não repete o canto
Tampouco a cidade
Dorme no mato, na cobertura ou num buraco,
Tanto faz.

Tico Tico agora quer voar
Tico Tico quer cantar
Tico Tico quer todo dia
Um Tico Tico no Fubá.

(Marcus P. M. Matias)


domingo, 5 de julho de 2015

fuzo ê

galo cantando


Fuzuê na roça.
Leite derramando,
Cachorro latindo,
E bezerro berrando.

Sol mirando às nove.
Acontece é que perdi a hora,
Não que assim quisesse,
É que o galo bateu as botas.

Salva o leite, alimenta os bichinhos
E acorda o Tonico pra buscar o gado.
O dia está salvo.
Mas como fica o amanhã?

Sem galo Zico o dia não começa.
Tô todo fodido.
Como sem mais nem menos
Esse galo mete essa!?

Não dá tempo de chorar por Zico.
Vou logo na feira pra acabar com esse sufoco.
Amanhã mesmo a gente já esquece,
assim que chegar o galo novo.

(Marcus P. M. Matias)




domingo, 7 de junho de 2015

Quadrilha

Teresa curtia João que pegava Raimundo que namorava Maria que desejava Joaquim que flertava com Lili que escolheu esperar.

Teresa foi pro Rio de Janeiro, João Virou pastor, Raimundo assumiu de vez, Maria nunca mais amou, Joaquim faz tratamento psiquiátrico e Lili perdeu a virgindade com Amanda que antes vivia um casamento de fachada.

(Marcus P. M. Matias)

(Adaptação Poema Carlos Drummond de Andrade)
Original: http://pensador.uol.com.br/frase/Mzk0MDY/

terça-feira, 19 de maio de 2015

Vamos brindar



Num dia desses, numa mesa de bar, me veio uma vontade diferente de brindar. E brindei.

Um brinde ao vice-campeonato
À bola que não entrou
E ao plano que se mantém inato

Um brinde ao pedido rejeitado
Ao arroz que queimou
E ao café que ficou fraco

Um brinde à semente que não germinou
Ao pássaro que não canta
E à ideia que não vingou

Um brinde ao atraso
À ligação perdida
E outro pro evento adiado

Um brinde à palavra mal colocada
À atitude infeliz
E a resposta não dada

...

Hoje eu resolvi brindar o que deu de errado
Me disseram que essa moda não vai ter sucesso
É que eu já não me preocupo como antes
Desce outra Seu Anézio

(Marcus P. M. Matias)

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Corre

meninos correndo


É a vida.
Nunca para.
Se ajeita,
Te prepara.

Já se foi mais um sol,
Já vem mais uma lua.
Corre que o banho ainda é quente,
Depois se seca e se perfuma.

Um olho na moça e outro na rima.
Agora corre e bebe logo este café,
Antes que esfria.

...

Tempo pra saudade
Tempo pro depois
Tempo pro agora
Corre que a vida é curta,
vive logo, sem demora.

(Marcus P. M. Matias)